O Espiritismo é uma ciência que
trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações
com o mundo corporal. (Alan Kardec)
O Espiritismo não possui dono,
fundadores humanos, chefes encarnados, guias ou médiuns oficiais. (Carlos Peppe)
A possibilidade de comunicação (mediunismo)
entre o mundo de cá (visível) e o mundo de lá (invisível) deu ao Espiritismo um
caráter universal, onde em sua base cristã um Jesus (humano) se auto-realizou através
do Cristo (Cósmico) abrindo todos os horizontes possíveis rumo ao propósito
maior, a Evolução.
Sobre essa universalização nos
ensina Peppe, que os espíritos podem,
nas sucessivas reencarnações, não só habitar os diversos países, como
desempenhar funções sociais muito diversificadas, de acordo com os seus
interesses maiores. [...] No ocorrer do tempo, variam no fluir das inúmeras
reencarnações progressivas, de tal maneira que, em hipótese alguma, podemos
classificar um espírito, em definitivo, apenas por uma só de suas vidas carnais,
e, sobre o exemplo da auto-realização, esclarece Huberto Rohden que no quarto Evangelho e nas epístolas de Paulo de
Tarso, esse Logos (na vulgata Verbo) se revelou em forma humana,
aparecendo como Verbo Encarnado, o Cristo Telúrico, sem, contudo deixar de ser
o Logos, o Cristo Cósmico.
Santo Agostinho (354 – 430) considerado pela Igreja como o Santo dos sábios e o sábio dos Santos, assevera
em duas de suas cento e vinte obras que o criador não teria tido necessidade de
tudo criar, incluindo o homem, mas que teria semeado na matéria sementes de
razão que amadureceram ao aparecimento do ser humano. À luz do evolucionismo,
essa opinião é um vislumbre de gênio, concluem os professores Girard e Quadros.
A Teoria Evolucionista sustenta
que as espécies superiores provieram das inferiores num processo lento e
gradual possibilitando a passagens de formas imperfeitas (simples) a formas
mais perfeitas (complexas) em busca da perfeição, que acontece na medida em que
há uma transformação nas espécies causada por fatores internos (genéticos) e
externos (ambiente) a essas espécies.
Como que em mundos que se
completam um passa por processo evolutivo e o outro não?
Estudos de H. G. Wells mostram
que não basta acentuar a semelhança física entre os monos superiores (chimpanzés,
gorilas, orangotango) e o homem. Ela não é circunscrita, em absoluto, a
estrutura física onde ambos possuem unhas ao invés de garras, mãos preênseis
com um dedo (polegar) oposto aos demais dedos, pernas e braços, fêmeas com
períodos menstruais, um só par de seios, seus esqueletos não são iguais apenas
no plano geral, mas também se correspondem osso por osso; a forma dos dentes
molares é exatamente similar, a face e as expressões dos monos são
quase humanas; também circunscrevem essas semelhanças ao comportamento. Basta
observar uma mãe orangotango com o seu filhinho ou um jovem chimpanzé brincando
num Zoológico para que haja a comprovação. Poderia se afirmar com base nessas
premissas que o homem veio do macaco? NÃO. O homem não veio do macaco, mas através do macaco. Como a água não vem da torneira e sim através da
torneira. A palavra ‘de’ indica causa ao passo que o vocábulo ‘através’ indica
apenas uma condição, um canal ou veículo por onde o efeito flui. Nenhum efeito
pode ser maior que sua causa, diz a lógica, assevera Rohden. Sobre o ‘mundo
espiritual’ nos esclarece os espíritos de Altino e André Luiz, na tradução espiritual
de R. A. Ranieri, que, cada um, no momento em que nasce o Espírito, inicia o
seu trabalho de evolução ou então estaciona no tempo, permanece na ignorância
ou se perde em si mesmo, e começa a cair em si mesmo, no próprio interior de
sua alma. Tem tudo para subir ou descer, crescer ou estacionar e até desaparecer como
individualidade. [...] depois que o Ser deu a partida inicial não retorna mais.
Evoluir, instruir, progredir sempre e amar eternamente, essa é a Lei do lado de
cá!... Na Terra é que o Ser se dá ao luxo de parar eventualmente... Aqui,
evoluir, trabalhar, amar é a Lei. Perdoar é obrigação e necessidade. [...] o
Ser, depois que, através da evolução, atinge o estado hominal e conquista a razão,
inicia a marcha evolutiva para alcançar a angelitude,
e depois prossegue ao encontro da razão
divina.
O homem, segundo o autor de Fenômeno
Humano, Pierre Teilhard de Chardin, escreve Rohden, começou sua jornada evolutiva na esfera da
matéria; daí passou para a esfera da vida; depois ingressou na zona da inteligência,
onde se encontra agora. Mas Chardin sabe, não por investigação
empírica, mas em virtude duma profunda intuição místico-metafísica, que o homem
da noosfera (inteligência) de hoje vai, um dia, atingir as alturas da logosfera
(razão), incorporando a inteligência analítica na razão intuitiva. A logosfera
está incubada, potencialmente presente, na noosfera; um dia se dará a eclosão.
O homem é um ser pensante, tendo
em sua constituição corporal todos os elementos naturais que formam este planeta.
Essa criatura que transcende a matéria bruta, agora, mais do que nunca, é
convidada pelas sucessivas reencarnações a desvendar sua consciência, a
conhecer seu universo íntimo, a descobrir sua verdadeira essência divinal e
aprender a amar seu semelhante. (Lourenço, 2009)
Referências
bibliográficas:
Bruce/H. lipton e Steve/Bhaerman. Evolução espontânea. Tradução de Yma
Vick. Editora Butterfay. São Paulo – SP, 2013.
Kardec, Alan.
O livro dos Espíritos, tradução de José Herculano Pires. Editora EME, Capivari
– SP, 1996.
Lourenço,
Eduardo Augusto. O homem Transcendental. Editora do Conhecimento, Limeira – SP,
2009.
Girardi/Leopoldo
Justino e Quadros/Odone José de. Filosofia. Editora EMMA. Porto Alegre – RS,
1975.
Peppe,
Carlos. Espiritismo: 2º século (o sentido evolutivo da doutrinA Espírita: uma
opinião). 1º fascículo. Editora Grifo
Ranieri, R.
A. A 2ª Morte/obra mediúnica pelos espíritos de André Luiz e Altino. Edifrater.
Guaratinguetá – SP, 1988.
Rohden,
Huberto. A experiência Cósmica/Textos Inéditos. Editora Martim Claret. São
Paulo – SP, 1995.
______. O
Homem e o Universo. Editora Alvorada. São Paulo – SP, 1982.
______. Setas
para o infinito. Editora Alvorada. São Paulo – SP, 1982
Wells, H. G. A
ciência da vida vol III – Evolução dos seres vivos – tradução de Almir de
Andrade. Livraria José Olympio Editora. Rio de Janeiro, 1941.
Luiz Humberto Carriao (l.carriao@bol.com.br)
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