Cosmorama é um livro que contextualiza a temática
iniciada no ocidente por Platão, seguida por Thomas Morus, Tommasso Campanella
e Burrhus Frederic Skinner no sentido de descrever uma sociedade ideal sob o
ponto de vista de cada um deles.
Após um naufrágio, o autor recobra os sentidos numa
ilha onde os seus habitantes são conhecidos como ‘cosmorama’, localizada no
Oceano Pacífico, entre a América e a Ásia, tendo como capital a cidade de nome Filadélfia,
cujo significado é ‘amor fraterno’. Os Cósmicos pertencem a uma civilização
contemporânea da desaparecida Atlântida que, como sobreviventes daquela
hecatombe têm como missão trazer aos Telúricos o conhecimento da verdade
integral, para que também entre estes seja proclamado o reino d’Ele, como foi
entre aqueles.
É descrito pela orientadora, interprete e mestra Iris
como um povo longevo que vive em harmonia com o Infinito não conhecendo
decrepitude senil; vive em pleno vigor físico e mental até que em seu corpo
expire a última fração de energia e o organismo para. A morte não é doença. O
organismo para, porque é chegado o seu tempo de parar. A morte é um processo
tão natural e inevitável como o nascimento e a vida. Se não houvesse morte orgânica
não haveria vida em evolução ascendente. A verdade continua Iris, é que a vida
é uma só, sempre a mesma, embora passe por diversos estágios de evolução.
Começa aqui, num corpo material, e continua alhures em outro corpo. Respondendo
a uma pergunta de Delfos, nome dado por Iris ao hóspede de Cosmorama, conclui:
O corpo material se transforma num corpo imaterial, cada vez mais sutil e
idôneo, consoante as experiências superiores que a alma colher.
Na presença do grande Rajah o visitante toma
conhecimento do porque de sua presença naquela ilha. Estava ali para iniciar-se
na alma da Verdadeira Libertação, o Logos feito espírito tomando-o
(corporalmente) como habitat. Despertando nele o Eu humano, que é divino. Como
falar de tamanha beatitude sem tê-la experimentado? Neste mesmo encontro
recebeu a notícia de que, terminado o estágio, haveria o visitante de retornar
a Terra e com ele a mensagem do espírito d’Ele que ali viveu. Isto, acompanhado
de uma explicação do Rajah: só se sabe o que se vive. O que não viveu não se sabe
e nem pode despertar em outros, o que se sabe. O hóspede de Cosmorama tinha
experimentado o que é ser corpo e alma, simultaneamente, ao contrário do
existente na Terra, onde os materialistas fazem do homem um corpo sem alma
(cadáver) e o espiritualista, reduz-no a uma alma sem corpo (fantasma). Foi
alertado das dificuldades que teria para levar a mensagem de Cosmorama aos
Telúricos, mas essa era a partir de então a sua missão.
De volta a Terra encontra um mundo totalmente adverso à
comunhão cósmica em que se encontrava na Ilha de Cosmorama. A surpresa veio por
conta de um grupo de pessoas mestres de ofício de roupas, sapatos, sandálias e
outros objetos para suas necessidades, que o saudou com a frase: ‘A paz esteja
contigo, irmão’! Isto aguçou sua curiosidade sobre qual religião professava.
Enquanto batia a sola de um sapato, um jovem respondeu: _irmãos anônimos da Fraternidade
Branca. Ao proferir o nome da Ilha visitada após o naufrágio, uma indagação de
um dos membros do grupo: _Ah! Tu também és cidadão de Cosmorama? Um susto. Voltou-se
para uma jovem e perguntou se ela conhecia esse paraíso perdido na vastidão do
oceano. _Não é um paraíso perdido na vastidão do oceano. Ele está dentro de
nós. O reino de Deus não é um lugar, alguma ilha longínqua, é um estado de
alma, é consciência divina dentro do homem, é a sua vida sintonizada com o
infinito. Somos todos náufragos também, continuou a jovem, sem primeiro
naufragar ninguém entra na plenitude da vida. O naufrágio é outra coisa senão a
morte da ilusão e o nascimento da verdade. Dizia o mestre: se o grão de trigo
não morrer focará estéril – mas, se morrer produzirá muitos frutos’...
Bendito e louvado seja Deus! - exclamou o naufrago, com
as mãos postas e o olhar voltado para o céu.
Luiz Humberto Carrião
(l.carriao@bol.com.br)
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