26 de outubro de 2013

COSMORAMA, Huberto Rohden. Martin Claret. São Paulo. 1990.

Cosmorama é um livro que contextualiza a temática iniciada no ocidente por Platão, seguida por Thomas Morus, Tommasso Campanella e Burrhus Frederic Skinner no sentido de descrever uma sociedade ideal sob o ponto de vista de cada um deles.

Após um naufrágio, o autor recobra os sentidos numa ilha onde os seus habitantes são conhecidos como ‘cosmorama’, localizada no Oceano Pacífico, entre a América e a Ásia,  tendo como capital a cidade de nome Filadélfia, cujo significado é ‘amor fraterno’. Os Cósmicos pertencem a uma civilização contemporânea da desaparecida Atlântida que, como sobreviventes daquela hecatombe têm como missão trazer aos Telúricos o conhecimento da verdade integral, para que também entre estes seja proclamado o reino d’Ele, como foi entre aqueles.

É descrito pela orientadora, interprete e mestra Iris como um povo longevo que vive em harmonia com o Infinito não conhecendo decrepitude senil; vive em pleno vigor físico e mental até que em seu corpo expire a última fração de energia e o organismo para. A morte não é doença. O organismo para, porque é chegado o seu tempo de parar. A morte é um processo tão natural e inevitável como o nascimento e a vida. Se não houvesse morte orgânica não haveria vida em evolução ascendente. A verdade continua Iris, é que a vida é uma só, sempre a mesma, embora passe por diversos estágios de evolução. Começa aqui, num corpo material, e continua alhures em outro corpo. Respondendo a uma pergunta de Delfos, nome dado por Iris ao hóspede de Cosmorama, conclui: O corpo material se transforma num corpo imaterial, cada vez mais sutil e idôneo, consoante as experiências superiores que a alma colher.

Na presença do grande Rajah o visitante toma conhecimento do porque de sua presença naquela ilha. Estava ali para iniciar-se na alma da Verdadeira Libertação, o Logos feito espírito tomando-o (corporalmente) como habitat. Despertando nele o Eu humano, que é divino. Como falar de tamanha beatitude sem tê-la experimentado? Neste mesmo encontro recebeu a notícia de que, terminado o estágio, haveria o visitante de retornar a Terra e com ele a mensagem do espírito d’Ele que ali viveu. Isto, acompanhado de uma explicação do Rajah: só se sabe o que se vive. O que não viveu não se sabe e nem pode despertar em outros, o que se sabe. O hóspede de Cosmorama tinha experimentado o que é ser corpo e alma, simultaneamente, ao contrário do existente na Terra, onde os materialistas fazem do homem um corpo sem alma (cadáver) e o espiritualista, reduz-no a uma alma sem corpo (fantasma). Foi alertado das dificuldades que teria para levar a mensagem de Cosmorama aos Telúricos, mas essa era a partir de então a sua missão.

De volta a Terra encontra um mundo totalmente adverso à comunhão cósmica em que se encontrava na Ilha de Cosmorama. A surpresa veio por conta de um grupo de pessoas mestres de ofício de roupas, sapatos, sandálias e outros objetos para suas necessidades, que o saudou com a frase: ‘A paz esteja contigo, irmão’! Isto aguçou sua curiosidade sobre qual religião professava. Enquanto batia a sola de um sapato, um jovem respondeu: _irmãos anônimos da Fraternidade Branca. Ao proferir o nome da Ilha visitada após o naufrágio, uma indagação de um dos membros do grupo: _Ah! Tu também és cidadão de Cosmorama? Um susto. Voltou-se para uma jovem e perguntou se ela conhecia esse paraíso perdido na vastidão do oceano. _Não é um paraíso perdido na vastidão do oceano. Ele está dentro de nós. O reino de Deus não é um lugar, alguma ilha longínqua, é um estado de alma, é consciência divina dentro do homem, é a sua vida sintonizada com o infinito. Somos todos náufragos também, continuou a jovem, sem primeiro naufragar ninguém entra na plenitude da vida. O naufrágio é outra coisa senão a morte da ilusão e o nascimento da verdade. Dizia o mestre: se o grão de trigo não morrer focará estéril – mas, se morrer produzirá muitos frutos’...

Bendito e louvado seja Deus! - exclamou o naufrago, com as mãos postas e o olhar voltado para o céu.


Luiz Humberto Carrião (l.carriao@bol.com.br)

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