11 de março de 2014

GÊNESE DA ALMA / Cairbar Schutel. Matão, SP, 7ª edição, Casa Editora O Clarim, 2011.

Cairbar Schutel nasceu em 22 de setembro de 1868, na cidade do Rio de Janeiro, trabalhando na adolescência em Farmácias, e, aos 17 anos de idade, transferiu-se para o estado de São Paulo, exercendo a profissão de farmacêutico nas cidades de Piracicaba, Araraquara e Matão, nesta última, lavrou suas grandes obras e deixou registrada a sua história. Fundou em 1905 o Centro Espírita ‘Amantes da Pobreza’, atual Centro Espírita O Clarim e o Jornal O Clarim, e em 1925 a Revista Internacional de Espiritismo. Escreveu 16 obras doutrinárias.

Algures foi afirmado que o homem nasce em forma mais perfeita e complexa (estágio superior da teoria evolucionista) e retrocede as formas imperfeitas e simples (inferiores) de acordo com sua conduta moral. Pode, então, de acordo com essa tese um espírito que tenha habitado um corpo humano, reencarnar num símio, num cachorro, num asno etc. Schutel em ‘Gênese da Alma’ defende sua tese através de um caminho inverso: ‘A alma não podia deixar de ter seu começo, o seu nascimento, no reino animal, nos seres da criação, onde passou por todas as transformações indispensáveis ao seu progresso; onde as transformações indispensáveis ao seu progresso; onde evoluiu, chorando ali, trabalhando acolá, brincando além, para após essas alternativas de tristezas, de gemidos, de lutas e de alegrias, despontar na humanidade, onde mediante o seu progresso, mais esclarecida e dotada de outros atributos prepara o glorioso surto de gênio para a posse da Vida na Imortalidade [...] Todas as almas têm a mesma origem, e são destinadas ao mesmo fim; a todos o Supremo Senhor proporciona os mesmos meios de progresso, a mês luz, o mesmo amor. O cão é sempre cão, como o asno é sempre asno, mas o Espírito que anima aqueles corpos vem de longe e destina-se às esferas elevadas onde reina a felicidade; tudo tem um alvo, e acreditar que Deus criou seres inteligentes sem futuro, seria blasfemar contra a sua bondade e justiça!’ Apesar de crítico contumaz à ‘cegueira consciente e proposital’ da Igreja, dos Acadêmicos e Cientistas, Schutel se aproxima de Santo Agostinho que afirmou na Idade Média: ‘o criador não teria tido necessidade de tudo criar, incluindo o homem, mas que teria semeado na matéria sementes de razão que amadureceram ao aparecimento do ser humano’. A evolução biológica não se dissocia da evolução espiritual. Um livro de que prende, não só pelo seu valor teórico, mas também pelos exemplos em defesa de sua teoria; um livro que nos leva a reconhecer o talento de seu escrito que bebeu na fonte francesa, inglesa, russa etc. Um livro que clama amor e respeito aos animais. Um livro para ser lido independente de sua opção religiosa ou de fé.


Luiz Humberto Carrião (l.carriao@bol.com.br)

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