A dicotomia no Movimento
Espírita Brasileiro apresenta de um lado uma ortodoxia tomando como referência
a Codificação elaborada por Allan Kardec às vezes chegando ao fundamentalismo,
e de outro, aquele que ao contrário, defende a postura de que todo e qualquer
estudo ou publicação que possa acrescer à doutrina e às suas práticas são
válidas. É esse o ponto de partida de Wilson Garcia nesta obra advertindo sobre
a possibilidade do uso da mediunidade como ‘um instrumento de divulgação
atabalhoada de teorias e informações duvidosas, assentadas na crença de que os
Espíritos que com eles trabalham são – pelo simples fato de serem Espíritos – seres
insuspeitos e não podem ser contrariados’. Dentre vários questionamentos
encontra-se o que acredita ser Francisco Cândido Xavier a encarnação de Allan
Kardec.
Um exemplo dessas obras à
margem da Codificação, o autor cita aquela coordenada por Jean Baptiste
Roustang, cuja pedra angular é a defesa da tese de um corpo fluídico a Jesus
Cristo o que o diferia dos demais seres humanos. Escreve na página 22: ‘Roustaing
morreu na França, ele e seus livros, que jamais passaram de uma única edição.
Os seus discípulos se rebelaram contra Kardec e mantiveram a divulgação da
nefasta obra por algum tempo, até que ela foi transportada para o Brasil, onde
ganhou as benesses da Federação Espírita Brasileira.
Outro ponto defendido pelo
autor trata-se em relação à Maçonaria: Esta e o Espiritismo ‘são instituições guardiães
e disseminadoras do conhecimento, profundamente comprometidas com a moral e a
ética’. Faz uma revelação aos leigos de que ‘a Fraternidade Branca dos maçons é
a representação dos seres invisíveis dos espíritas.
Wilson Garcia faz uma breve
historiografia do Movimento Espírita no Brasil onde tece crítica à falta de
unidade, o que de certa forma tem prejudicado a divulgação da doutrina em
terras brasileiras, às vezes, se posicionando favorável à ortodoxia dentro do
Movimento.
Luiz Humberto
Carrião (l.carriao@bol.com.br)
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