13 de janeiro de 2014

UMA JANELA PARA KARDEC / Wilson Garcia. Eldorado e Opinião Editora. Capivari – SP. 1996.

A dicotomia no Movimento Espírita Brasileiro apresenta de um lado uma ortodoxia tomando como referência a Codificação elaborada por Allan Kardec às vezes chegando ao fundamentalismo, e de outro, aquele que ao contrário, defende a postura de que todo e qualquer estudo ou publicação que possa acrescer à doutrina e às suas práticas são válidas. É esse o ponto de partida de Wilson Garcia nesta obra advertindo sobre a possibilidade do uso da mediunidade como ‘um instrumento de divulgação atabalhoada de teorias e informações duvidosas, assentadas na crença de que os Espíritos que com eles trabalham são – pelo simples fato de serem Espíritos – seres insuspeitos e não podem ser contrariados’. Dentre vários questionamentos encontra-se o que acredita ser Francisco Cândido Xavier a encarnação de Allan Kardec.

Um exemplo dessas obras à margem da Codificação, o autor cita aquela coordenada por Jean Baptiste Roustang, cuja pedra angular é a defesa da tese de um corpo fluídico a Jesus Cristo o que o diferia dos demais seres humanos. Escreve na página 22: ‘Roustaing morreu na França, ele e seus livros, que jamais passaram de uma única edição. Os seus discípulos se rebelaram contra Kardec e mantiveram a divulgação da nefasta obra por algum tempo, até que ela foi transportada para o Brasil, onde ganhou as benesses da Federação Espírita Brasileira.

Outro ponto defendido pelo autor trata-se em relação à Maçonaria: Esta e o Espiritismo ‘são instituições guardiães e disseminadoras do conhecimento, profundamente comprometidas com a moral e a ética’. Faz uma revelação aos leigos de que ‘a Fraternidade Branca dos maçons é a representação dos seres invisíveis dos espíritas.

Wilson Garcia faz uma breve historiografia do Movimento Espírita no Brasil onde tece crítica à falta de unidade, o que de certa forma tem prejudicado a divulgação da doutrina em terras brasileiras, às vezes, se posicionando favorável à ortodoxia dentro do Movimento.


Luiz Humberto Carrião (l.carriao@bol.com.br)

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