31 de janeiro de 2014

AS FRONTEIRAS DA REGRESSÃO: origens da consciência cósmica / Pierre Weil. – 2ª ed.- Petrópolis, RJ: Vozes, 1989.

Pierre Weil, doutor em Psicologia pela Universidade de Paris, criou em 1987 a pedido do então governador de Brasília, José Aparecido de Oliveira, a Universidade Holística Internacional com a fundação da Cidade de Paz, que tem como primordial missão desenvolver uma ação educacional que dissemine a visão holística. A palavra ‘holos’ do grego significa inteiro, composto. A ‘visão holística’ objetiva conhecer o ‘Todo’, suas ‘Partes’, e como estas se integram para formar esse ‘Todo’. Como assevera o filósofo e professor Huberto Rohden, ‘O Universo nunca é só Uno, nem só Verso – é sempre Universo’.

As fronteiras da regressão é um livro que busca analisar um fenômeno chamado por uns de Experiência mística, por outros de Transcendental, Cósmica, Oceânica, Transpessoal, psicodélica, etc. Para o autor, ‘a experiência cósmica seria um retorno à unidade fundamental, uma experiência fusional de caráter regressivo’ em níveis: pós-uterino, intrauterino e pré-uterino.

Vários são os problemas colocados em evidência: relações entre alucinação e realidade, entre psicose e experiência mística, os limites da psicanálise (que são os limites da regressão), a noção de pseudofusão, relação entre psicanálise e psicologia transpessoal, e entre evolução e regressão.

O livro aborda também a utilização de drogas (psicofarmacologia) como a Mescalina e o LSD (Dietilamida Ácido Lisérgico), uma das mais potentes substâncias alucinógenas conhecidas, para abrirem as ‘portas da percepção’, aquelas que se encontram acima de nossos cinco sentidos perceptíveis. ‘As descargas emocionais observadas sob efeito do LSD são catarses somatórias de diferentes épocas da vida do indivíduo. Isto está de acordo com o conceito psicanalítico de sobredeterminação’. Segundo a experiência de Grof, todas as pessoas que atingiram este nível se abriram para dimensões espirituais e religiosas, quer fossem ateus ou marxistas.

Traz-nos uma lição: ‘a paz interior só se obtém com a morte de nossas máscaras, de nossos papéis, de nossos traumatismos neurotizantes’.

O autor deixa um questionamento interessante: ‘para que haja regressão, é preciso haver vida psíquica e, sobretudo, memória no nível atingido pela regressão’, logo...


Luiz Humberto Carrião (l.carriao@bol.com.br)

17 de janeiro de 2014

PSIQUIATRIA EM FACE DA REENCARNAÇÃO / Inácio Ferreira. - Edições FEESP. São Paulo. 1987.

O médico e escritor Inácio Ferreira exerceu o cargo de diretor clínico do Sanatório Espírita de Uberaba – MG, desde a sua inauguração em 31 de dezembro de 1933 e, através de suas pesquisas nos casos neuropsíquicos relacionados com enfermos do Sanatório introduziu a Terapia Espírita como tratamento complementar as doenças nervosas e mentais.

Neste livro, Inácio Ferreira expõe parte dessa experiência vivida com seus pacientes através de relatos de casos por ele acompanhado que leva ao mais cético a dar um passo atrás em busca de uma reflexão, embora a base de todo o trabalho desenvolvido tenha como referência a Reencarnação, que historiografa ao longo do tempo e espaço citando os Incas, Egípcios, Persas, Druídas, além de filósofos como Pitágoras, Timeu de Locres, Heródoto, Aristófanos, Sofocles, Sócrates, Apolônio de Thyana, Empédocles e Platão. Mais recente uma carta de Goethe a Wieland, a respeito de Frau Von Stein: _Só por meio da Reencarnação, posso explicar a mim mesmo o poder e a influência que esta mulher exerce sobre mim. Sim, em outro tempo, fomos marido e mulher. Como explicar porque Mozart tocava qualquer música aos 4 anos de idade e passou a compor com 8? Beethoven descobriu a geometria plana aos 12 anos? Rembrant desenhou como verdadeiro artista antes de aprender a ler? Miguel Ângelo foi técnico aos 8 anos? Henecke falou fluentemente três idiomas aos 12 anos?Hamilton conheceu o hebraico e mais 11 línguas aos 13 anos? Ericson teve aos 12 anos de idade 600 homens sob sua responsabilidade como inspetor do canal marítimo de Suez? Jaques Chrichton discutiu em latim, grego, hebraico e árabe aos 15 anos?

A Psiquiatria é uma especialidade da Medicina que se ocupa com as diferentes formas de sofrimentos mentais desde as de origem orgânica as manifestações psicológicas severas, da depressão, transtornos de personalidade até a esquizofrenia, que são tratados desde a prescrição medicamentosa até terapias, ou mesmo em consonância.

Não foi por acaso que Inácio Ferreira publica logo nas primeiras páginas mensagem de Chico Xavier, recebida em Pedro Leopoldo, na sessão pública da noite de 14.12.1951, sob o título de O LAR. Este espaço físico que transcende a esta simples definição está para a psiquiatria tal qual a infância para a psicanálise. Só que, em ambos, fatos não se restringem simplesmente a conteúdos traumáticos do passado-presente, vai mais além, nas relações de vidas passadas reencontradas em encarnações posteriores para o exercício da evolução. Neste aspecto, como foi relatado nos atendimentos relatados no livro, nem sempre a medicina humana é capaz de solucionar enfermidades, por isso, a importância de se estudar, pesquisar e divulgar esse outro lado da vida.


Luiz Humberto Carrião (l.carriao@bol.com.br)

13 de janeiro de 2014

UMA JANELA PARA KARDEC / Wilson Garcia. Eldorado e Opinião Editora. Capivari – SP. 1996.

A dicotomia no Movimento Espírita Brasileiro apresenta de um lado uma ortodoxia tomando como referência a Codificação elaborada por Allan Kardec às vezes chegando ao fundamentalismo, e de outro, aquele que ao contrário, defende a postura de que todo e qualquer estudo ou publicação que possa acrescer à doutrina e às suas práticas são válidas. É esse o ponto de partida de Wilson Garcia nesta obra advertindo sobre a possibilidade do uso da mediunidade como ‘um instrumento de divulgação atabalhoada de teorias e informações duvidosas, assentadas na crença de que os Espíritos que com eles trabalham são – pelo simples fato de serem Espíritos – seres insuspeitos e não podem ser contrariados’. Dentre vários questionamentos encontra-se o que acredita ser Francisco Cândido Xavier a encarnação de Allan Kardec.

Um exemplo dessas obras à margem da Codificação, o autor cita aquela coordenada por Jean Baptiste Roustang, cuja pedra angular é a defesa da tese de um corpo fluídico a Jesus Cristo o que o diferia dos demais seres humanos. Escreve na página 22: ‘Roustaing morreu na França, ele e seus livros, que jamais passaram de uma única edição. Os seus discípulos se rebelaram contra Kardec e mantiveram a divulgação da nefasta obra por algum tempo, até que ela foi transportada para o Brasil, onde ganhou as benesses da Federação Espírita Brasileira.

Outro ponto defendido pelo autor trata-se em relação à Maçonaria: Esta e o Espiritismo ‘são instituições guardiães e disseminadoras do conhecimento, profundamente comprometidas com a moral e a ética’. Faz uma revelação aos leigos de que ‘a Fraternidade Branca dos maçons é a representação dos seres invisíveis dos espíritas.

Wilson Garcia faz uma breve historiografia do Movimento Espírita no Brasil onde tece crítica à falta de unidade, o que de certa forma tem prejudicado a divulgação da doutrina em terras brasileiras, às vezes, se posicionando favorável à ortodoxia dentro do Movimento.


Luiz Humberto Carrião (l.carriao@bol.com.br)

EURÍPEDES BARSANULFO – o apóstolo da caridade – Jorge Rizzini. Edições Correio Fraterno. São Bernardo do Campo – SP. 1981.

Mais uma obra a biografar esse espírito de escol que juntamente com Bezerra de Menezes e Cairbar Schutel reencarnaram no Brasil com o intuito de preparar a vinda de Francisco Cândido Xavier, o nosso Chico, que alguns autores dentro do Movimento Espírita o identificam como a encarnação de Allan Kardec. Um livro que referencia uma psicografia de Xavier pelo espírito de Hilário Silva sobre um encontro entre Eurípedes de Barsanulfo e Jesus, o que leva a supor que Bezerra (Lisandro), Schutel (Josafá) e Eurípedes (Marcos) conviveram com Jesus, na sua adolescência, na seita judaica conhecida como Essênios, narrada no livro ‘A grande espera’ - psicografado por Corina Novelino e de autoria de Eurípedes Barsanulfo (espírito), pela IDE Editora, 2008.

Uma obra baseada em fontes escritas (documentos e livros) e orais (depoimentos de pessoas que conviveram com Barsanulfo) o livro traz revelações extraordinárias, como por exemplo, o porquê o ‘seo’ Mogico não colocou o seu sobrenome nos filhos e nem mesmo em sua esposa quando do enlace matrimonial; a determinação de sua mãe, dona Meca, de no dia seguinte ao seu sepultamento dar continuidade à sua obra; de sua elegância; sua conversão ao espiritismo; sua atividade como médium, professor e farmacêutico; a fundação do Colégio Allan Kardec em Sacramento; o debate público com o padre Yague; os processos enfrentados na justiça mineira; e, por fim uma revelação de que Eurípedes foi uma encarnação de São Francisco de Assis.

O livro também descreve 35 casos mediúnicos envolvendo o biografado, além de um traço interessante entre Eurípedes de Barsanulfo e Francisco de Assis: a simplicidade com que viveram em suas passagens no planeta Terra e a maneira simples como desejaram ser enterrados.


Luiz Humberto Carrião (l.carriao@bol.com.br)

12 de janeiro de 2014

CHICO XAVIER – a reencarnação de Allan Kardec / Carlos A. Baccelli – Uberaba – MG: Livraria Edições Pedro e Paulo, 2005.

O presente livro apresenta uma tese de elabora discussão no Movimento Espírita brasileiro – Seria Chico Xavier a reencarnação de Allan Kardec?  Um dos primeiros a levantar essa hipótese foi o presidente da Sociedade de Medicina e Espiritismo do Rio de Janeiro, Arthur Messena, na década de 1970. Adelino da Silveira, de São José do Rio Preto, São Paulo, em seu livro ‘Kardec prossegue’ reafirma a tese de Messena: Kardec e Chico são a mesma pessoa. São contestados por Wilson Garcia em ‘Uma janela para Kardec’, Editora Eldorado & Opinião Espírita, 1996. Em referencia ao primeiro, Garcia desqualifica sua tese por fazê-la na qualidade de presidente da SMERJ, justificando que Messena não é médico e sim jornalista que se intitula pesquisador; sobre o segundo, Garcia diz tratar-se de uma pessoa declaradamente ‘Chiquista’, e que, o fez com o objetivo de tornar pública sua opinião. Garcia se junta àqueles que atribuem a última encarnação de Chico Xavier a Dona Maria, a Louca, rainha de Portugal.

Carlos A. Baccelli elenca uma série de justificativas para sua afirmação: desde uma advertência de um dos guias do codificador, relatada em Obras Póstumas, até a análise da Obra Mediúnica de Chico Xavier que, através de uma linguagem coloquial, deu em ‘O Consolador e Religião dos Espíritos’ – um natural desdobramento ao ‘Livro dos Espíritos’; ‘Nos domínios da Mediunidade e Seara dos Médiuns’ desdobrou o “Livro dos Médiuns’; na ‘obra evangélica de Emmanuel’ o ‘Evangelho segundo o Espiritismo”; ‘Céu e Inferno’ em ‘Ação e Reação e Justiça Divina’; em ‘Evolução em dois mundos’ a “Gênese’, além de toda série de André Luiz”. 

Para Baccelli a obra de Kardec e Chico ‘se completam e, uma é importante para que melhor se compreenda a outra. Um fato para o qual Baccelli chama a atenção é o fato de Kardec jamais ter escrito uma só linha pelas mãos de Chico. Sempre que questionado a respeito de ser a encarnação do Codificador, Chico desconversava.


Luiz Humberto Carrião (l.carriao@bol.com.br)