Cairbar Schutel nasceu em 22 de
setembro de 1868, na cidade do Rio de Janeiro, trabalhando na adolescência em Farmácias, e, aos 17 anos de idade, transferiu-se para o estado de São Paulo, exercendo a
profissão de farmacêutico nas cidades de Piracicaba, Araraquara e Matão, nesta
última, lavrou suas grandes obras e deixou registrada a sua história. Fundou em
1905 o Centro Espírita ‘Amantes da Pobreza’, atual Centro Espírita O Clarim e o
Jornal O Clarim, e em 1925 a Revista Internacional de Espiritismo. Escreveu 16
obras doutrinárias.
Algures foi afirmado que o homem
nasce em forma mais perfeita e complexa (estágio superior da teoria
evolucionista) e retrocede as formas imperfeitas e simples (inferiores) de
acordo com sua conduta moral. Pode, então, de acordo com essa tese um espírito que
tenha habitado um corpo humano, reencarnar num símio, num cachorro, num asno
etc. Schutel em ‘Gênese da Alma’ defende sua tese através de um caminho
inverso: ‘A alma não podia deixar de ter
seu começo, o seu nascimento, no reino animal, nos seres da criação, onde
passou por todas as transformações indispensáveis ao seu progresso; onde as
transformações indispensáveis ao seu progresso; onde evoluiu, chorando ali,
trabalhando acolá, brincando além, para após essas alternativas de tristezas,
de gemidos, de lutas e de alegrias, despontar na humanidade, onde mediante o
seu progresso, mais esclarecida e dotada de outros atributos prepara o glorioso
surto de gênio para a posse da Vida na Imortalidade [...] Todas as almas têm a
mesma origem, e são destinadas ao mesmo fim; a todos o Supremo Senhor
proporciona os mesmos meios de progresso, a mês luz, o mesmo amor. O cão é sempre
cão, como o asno é sempre asno, mas o Espírito que anima aqueles corpos vem de
longe e destina-se às esferas elevadas onde reina a felicidade; tudo tem um
alvo, e acreditar que Deus criou seres inteligentes sem futuro, seria blasfemar
contra a sua bondade e justiça!’ Apesar de crítico contumaz à ‘cegueira
consciente e proposital’ da Igreja, dos Acadêmicos e Cientistas, Schutel se
aproxima de Santo Agostinho que afirmou na Idade Média: ‘o criador não teria
tido necessidade de tudo criar, incluindo o homem, mas que teria semeado na
matéria sementes de razão que amadureceram ao aparecimento do ser humano’. A
evolução biológica não se dissocia da evolução espiritual. Um livro de que
prende, não só pelo seu valor teórico, mas também pelos exemplos em defesa de
sua teoria; um livro que nos leva a reconhecer o talento de seu escrito que
bebeu na fonte francesa, inglesa, russa etc. Um livro que clama amor e respeito
aos animais. Um livro para ser lido independente de sua opção religiosa ou de
fé.
Luiz
Humberto Carrião (l.carriao@bol.com.br)