4 de novembro de 2013

PSICOLOGIA & ESPIRITISMO, Carlos Toledo Rizzini. O Clarim. Matão – SP. 2003.

Carlos Toledo Rizzini (1921 – 1992) nascido na cidade de Monteiro Lobato – SP, filho de pais espíritas, casado com a pintora carioca Cecília Rizzini, pai de sete filhos, formado em medicina em 1947 na Faculdade de Ciências Médicas de Rio de Janeiro, dedicando-se posteriormente à Botânica no Jardim Botânico desta cidade, chegando ao cargo de seu diretor. Foi membro da Academia Brasileira de Ciências. Considerado um dos grandes cientistas brasileiro com várias obras publicadas no Brasil, em inglês e alemão. Seareiro do Centro Espírita Aliança do Divino Pastor, no Jardim Botânico e do Centro Espírita Cristófilos, em Botafogo. Respeitabilíssimo palestrante da doutrina espírita. Nascido em 18 de abril – data do lançamento do Livro dos Espíritos – e desencarnado em 3 de outubro – data do aniversário de Allan Kardec -.

Até o final do século passado as pesquisas sobre doenças do comportamento atuavam em duas categorias, - neurose e psicose - onde a primeira, dá consciência ao indivíduo – embora fugindo do controle -, e a segunda, - com perda de noção da realidade -. Se por um lado o neurótico tem consciência de seus atos, o psicótico não.

Neste contexto, os fenômenos mentais ou psíquicos são considerados produtos da atividade do cérebro para os materialistas, e do espírito, pelos espiritualistas. Também, várias as divisões dentro da psicologia, a ciência que estuda esses fenômenos. Exemplo: a psicanálise trabalha com os processos que passam na profundidade da mente ao qual o indivíduo nem sempre tem noção lúcida; já o behaviorismo (condutismo) só se interessa pelas respostas do organismo aos estímulos externos, desprezando todos os fatos da vida psíquica por considerá-los inacessíveis à experimentação.

Trabalhando na linha que a medicina espírita possui uma peculiaridade - as moléstias psíquicas ou mentais - responsabilizando-se à medicina terrena as doenças orgânicas, com relação a Freud, opõe a teoria de que os traumas da adolescência e adultez provem de questões relacionadas a infância, substituindo 'a fase infantil' por questões relacionadas à vidas passadas.

Dedica um capítulo – Algo sobre ansiedade – p. 146/165, escrevendo muito próximo do traço borderline - Transtorno de Personalidade Limítrofe – descrito no Manual DSM-IV como um padrão invasivo de instabilidade dos relacionamentos interpessoais, afetos, autoimagem e acentuada impulsividade. Utilizo-me da palavra ‘traço’ para estar em consonância com a médica psicanalista Ana Beatriz Barbosa Silva, em Corações Descontrolados: O ‘estar border’ pode ser facilmente compreendido por qualquer um de nós que já sofre uma frustração; o ‘parecer border’ já implica uma maneira de ser e agir que lembra a personalidade borderline, mas essas pessoas não preenchem os critérios diagnósticos necessários para serem portadoras do transtorno propriamente dito, e, ‘ser border’ é possuir no mínimo cinco dessas características:

1) Impulsividade potencialmente perigosa em pelo menos duas áreas. Ex: gastos excessivos, promiscuidade, direção perigosa, abuso de drogas, compulsão alimentar, etc.

2) Ira inapropriada e intensa ou dificuldade para controlá-la.

3) Instabilidade afetiva devido a uma grande reatividade do estado de humor.

4) Ideias paranoides transitórias relacionadas a estresse ou sintomas dissociativos graves.

5) Alterações de identidade: instabilidade acentuada do e resistente da autoimagem ou do sentimento do self.

6) Um padrão de relações interpessoais instáveis e intensas.

7) Esforços frenéticos para evitar um abandono real ou imaginário.

8) Ameaças, gestos ou comportamentos suicidas recorrentes ou comportamentos de automutilação: 90% dos borderlines irão cometer uma tentativa de suicídio e, desses, 10% serão bem-sucedidos.

9) Sentimento crônico de vazio.

Referencia T. Rossini, em A Nova Era, Franca-SP, 31 III 75, ‘O Espiritismo Cristão Kardecista não tem como uma de suas finalidades a preocupação de curar enfermidades, por serem estas de competência da medicina terrena’. Acentua que o objetivo dele ‘é contribuir para a transformação dos povos’. Finalmente, assevera o autor ‘que Jesus prometeu enviar um Consolador e não um curador; que prometeu alívio e não cura’ (Mt 11:28).

Luiz Humberto Carrião (l.carriao@bol.com.br)

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